Se estivesse bêbada agora diria
“I don’t wanna be your fuckin’ girls”.
Me lembro que dá ultima vez que
parei para escrever algo foi sobre identidade. Três anos se passaram e cá estou
no mesmo assunto.
Minha ligação com a moda vem dos
sapatos. Sempre gostei dos saltos, mas nunca tive muita paciência em usá-los,
mas confesso que nos meus devaneios sexuais mais sórdidos sempre me imagino com
eles. Uso-os todos os dias.
Vou pular uma parte cansativa
porque estou louca pra dizer que eu a moda é um mercado lucrativo,
interessantíssimo e perfeito pra pessoas que sofrem de déficit de atenção
– atualmente. Ela é o quarto maior meio
de lucro economicamente falando, me arrisco a dizer que é um negócio – que meus amigos
administradores corrijam – tão seguro quanto a nasdaq. Mas a moda brinca com
coisas muito sérias; identidade, satisfação, excesso de consumismo,
auto-estima, blá, blá, blá.
Nomeiem como quiserem, lifestyle,
swag, outfit... Moda (fashion bussiness) é tudo isso e mais um pouco.
Como toda adolescente, tentei me
encaixar em alguns grupos. Como sou curiosa, pesquiso tudo que me dá na telha e
olha, cansei. E foi no cansaço que entendi mais ou menos tudo.
É tudo loucura e desnecessário, é
uma corrida sem fim, é uma espécie de golden rush da ruína financeira,
estética, e psicológica. Me arrisco a dizer que transcendi questões
identitárias de encaixe social, abri mão de me abater com críticas negativas,
abandonei o medo da vaia do senso comum.
“Olha a maluca de sapatos
estranhos”.
“Tá mostrando a bunda!!!” –
gritam minhas amigas. E tá mesmo, applause.
Podemos ser uma, duas, três em
uma só. Podemos sair de salto hoje e de all star ainda hoje, só que mais tarde.
E amanhã de chinelo, porque salto cansa e all star também sufoca. Sim, sabemos
nos vestir de maneira elegante, também sabemos nos vestir de maneira básica e
façamos isso quando quisermos sim senhor. Sim estamos de jeans, camiseta e
sandália rosa berrante, podem nos chamar de baianas, como dizem os paulistas,
that’s us on the spotlight.
O alternativo de hoje não é mais
o alternativo de antes e não querer seguir a moda é ainda moda, isso se chama
contracultura e contracultura é moda, porque moda é um fenômeno sociológico.
Quem me vê não imagina que passei
três anos estudando tudo isso, esta bela porcaria. Odeio-a de tanto que a amo.
Tentarei encontrá-la na antropologia de maneira bonita e ordinária, como ela é.
Guardarei meus muitos escritos na
casa do meu avô como sempre. Adoro tecnologia, mas as pessoas são incrivelmente
desfavorecidas de sensibilidade, ainda os mais sensíveis.
Existe uma rede social onde as
pessoas costumar expor mais ou menos isso por lá, por meio de fotos, gifs, ou
textos. Ele se chama tumbler.
Mas curiosamente, insisto em
ainda não entrar nela.